Shakti – O Poder do Feminino

Segundo o Sankhya, um dos Darshanas, escolas de pensamento Hindu, o Universo foi criado por Purusha, o ser divino, e o mundo material nesse Universo por Prakritti. De acordo com a filosofia Shivaísta, Purusha é Shiva, o princípio masculino e Prakritti, Shakit, a sua consorte; Devi Aadi Parashakti, princípio feminino que se manifesta em diversas formas e em diversos momentos na vida de Shiva; Sati, neta de Brahma; Parvati, filha do Himalaia e irmã de Ganga; além de, Uma, Durgha e Kali, dentre outras manifestações.

Nas representações da Mãe Divina, nas diversas religiões e mesmo nas diversas linhas que encontramos na Índia, Shivaísmo, Vaishnavismo, Shaktismo etc, mesmo na religião católica, e outras Africanas, temos a figura do feminino, e em todo esse simbolismo, no Taoísmo, na China, é o Yin x Yang, noite x dia, feminino x masculino, que juntos formam o Tao, o uno.

Todos nós temos um pouco de cada uma dessas energias, femininas e masculinas. A mulher um pouco da energia masculina, e o homem um pouco da feminina. Quando essa proporção for maior em cada ser, podemos observar manifestações sexuais diferentes também.

O yoga nos ajuda a equilibrar essa nossa essência interior, e venho nesse artigo tratar sobre o poder do feminino, orientar sobre como trazer essa energia para fortalecer nossa Shakti.

Equillíbrio por meio da prática

Há muitos milênios que o planeta Terra vem sendo dominado pelo patriarcalismo e energia do feminino muitas vezes desvalorizada e desrespeitada. As mulheres que praticam yoga buscam esse equilíbrio, geralmente. Quando falo de yoga, não falo apenas das práticas de posturas (asanas), falo dos pranayamas, dos mudras ou do yoga nidra. Falo também do jñana yoga, o yoga do conhecimento, que é o estudo do vedanta, dos sutras, da filosofia védica.

Índia, palco do conhecimento ancestral

A Índia possui uma história milenar e tem uma escrita muito antiga como o sânscrito – realmente um privilégio recebido dos Deuses – a qual ajudou a manter todos os shastras registrados. Além dos estudos de Rishis, sábios videntes de conhecimentos profundos sobre a natureza humana e sua problemática, esse estudo nos revela a forma de buscar a felicidade dentro de nós mesmos. Tendo a responsabilidade de propagar essa cultura ancestral e fazer com que ela chegasse quase que intacta até os nossos tempos, através do sistema param para, de mestre para discípulo, nas folhas das palmeiras e hoje em dia já em livros e outros sistemas modernos que fomos adquirindo ao longo dos milênios, numa estimativa de até 14.000 anos esse conhecimento foi chegando aos dias de hoje! E assim foi-se espalhando, sendo respeitada pelo mundo inteiro, por toda a sua sabedoria. Em algumas dessas escrituras alguns sábios apontam o respeito pela shakti, o respeito que as mulheres merecem por serem as mães, o princípio desse mundo material, devido a um grande desrespeito que vem ocorrendo, o planeta está em desequilíbrio, guerras, doenças, ganância, mentiras, falta de amor. Nessas escrituras vamos encontrar a possibilidade de obtermos esse equilíbrio de volta. Como no Ramayana, um dos maiores épicos sobre Rama, o príncipe do Dharma, umas das manifestações de Vishnu, o mantenedor, observamos a luta de Sita, sua esposa pela sua dignidade e a de todas as mulheres. Agora vamos a algumas dicas práticas para você adicionar no seu sadhana sua prática diária e fortalecer sua Shakit:

Asanas: A sequência dos virabhadrasanas (guerreiros) para nos dar força de diversas formas:

Virabhadrasana I – Postura do Guerreiro I, levar a perna direita a frente dando um passo largo, dobrando a noventa graus, elevar os braços e unir as mãos, olhar para elas ou para cima, Fortalece a energia do coração, reforça as pernas, se for acrescida do kali mudra, nos traz proteção e ajuda no processo de transmutação. Aqui podemos agradecer à Criação e toda nossa existência. Fazer com a outra perna à frente.

Virabhadrasana II – Postura do Guerreiro II pode ser feita uma sequência como um vinyasa, dando um passo mais à frente e abrindo o quadril na lateral, abrindo os braços paralelos ao chão na linha dos ombros, olhar para mão direita, as palmas para baixo. Expande a energia do coração e abre a nossa respiração captando prana. Podemos aqui fazer um sankalpa uma determinação de nossas metas. Fazer para o outro lado.

#Virabhadrasana II Invertida – Postura do Guerreiro II invertida – continuando a sequência pode elevar-se o braço direito e olhar para a mão direita, relaxando o braço esquerdo sobre a perna esquerda. Praticamente as mesmas qualidade da anterior, abrindo um pouco mais a respiração. Repetir par o outro lado.

Virabhadrasana III – Postura do Guerreiro III, quadril `a frente novamente. pode ser feita uma sequência como um vinyasa, dando um passo mais `a frente, alongar todo o tronco levando-o `a frente, paralelo ao chão. Traz o equilíbrio aos hemisférios cerebrais e graciosidade ao corpo e à mente. Repetir para o outro lado.

#Mudras: kali mudra, meditando com ele, apontando para o Vishudha chakra melhora a comunicação tornando-a firme. Yoni mudra, fortalece o aparelho reprodutor feminino, o útero e os ovários, trazendo fertilidade.

#Mantras que podem ser cantados num kirtan ou 108 vezes com um japa mala (rosário de contas hindu): OM Srim Maha Durguei Namaha! Nos ajuda a vencer obstáculos, trás prosperidade. OM sitaram, sitaram, sitaram (traz prosperidade e amor).

Pranayamas: #sitali, e chandra #pranayamas, ajudam a refrescar e acalmar a mente.